Era das Fake News
A informação é hoje vista como um valor absoluto. Procuramos conhecer quem e o que nos rodeia e dar a conhecer as nossas próprias experiências e opiniões, numa partilha permanente e que influencia a realidade dos media, a interação entre organizações e o seu público e o modo como compreendemos um contexto altamente complexo.
Mas a informação não é, por si só, uma mais-valia. Como acontece com tantas outras coisas, é o propósito para o qual é utilizada que dita o seu valor para quem a mesma impacta. E na era da desinformação, este impacto pode ter consequências tremendamente negativas.
Num contexto em que os canais para partilhar informação se multiplicam e são acessíveis a quase todos, muitas histórias são contadas pela metade, as mensagens são subvertidas, as conclusões são afirmadas sem substância e são criados factos alternativos. Vivemos a era da desinformação e das “fake news”.
O resultado natural é o crescimento da desconfiança. Dados do relatório Edelman Trust Barometer Report revelam que, ao longo de 2018, assistimos a um decréscimo da confiança para com quatro vertentes institucionais: ONGs, empresas, setor público e media. Para os profissionais do marketing em contexto organizacional esta questão torna-se mais relevante quando constatamos que 42% dos consumidores afirmam não saber em que empresas confiar.
Uma organização alvo de informação falsa ou errónea enfrenta um risco reputacional sério que não pode ser ignorado. A solução? Veicular uma mensagem própria que equilibre a perceção do público e socorrer-se da sua rede de influência – clientes, parceiros e colaboradores.
A meta não é a mera tentativa de distração face à discussão realizada em torno da marca, mas assegurar a condução da mesma e a resposta a dúvidas, mal-entendidos ou informação errada conscientemente divulgada sobre a organização.
Devemos preocupar-nos? Se o ambiente atual representa um desafio, apresenta também oportunidades para as empresas que as souberem aproveitar. O plano encontra-se nivelado para todas as marcas no mercado, não só ninguém se encontra a salvo como as marcas mais reconhecidas podem sofrer o efeito deste tipo de informação mais frequentemente. Não é a marca que “fala” mais alto ou com mais recursos que ganha. O sucesso parece estar agora reservado às marcas que conseguirem ser transparentes na sua atuação e ajudar o seu público a navegar num ambiente de caos e incerteza.
O exercício que cabe a todos os que se encontram envolvidos na prática da comunicação é o de estarem conscientes deste tipo de desafios e preparados para lhes contrapor uma estratégia plenamente pensada. Quer queiramos quer não esta é a realidade para o presente, e a expectativa é que se mantenha enquanto novos processos não forem equacionados para a alterar ou o público não modificar o modo como consome informação.
Contra “má informação” a resposta tem de ser “boa informação” e esta tem de partir de si. Está a fazer todos os possíveis para que seja a “boa informação” a preencher a atenção do seu público?