Crise
Quando uma crise de grandes dimensões atinge a humanidade é difícil ter a melhor perceção de como abordar os media. Apesar de as empresas terem informação e anúncios para divulgar que possam ser benéficos para o público, há uma linha ténue entre o que é informação útil e valiosa e outra que poderá se apenas aproveitamento. É importante perceber quando, como e com que informação se abordam os media bem, como os colaboradores, clientes e outros stakeholders, de forma a assegurar uma abordagem produtiva e uma audiência recetiva.
Perceber a Crise
Seja qual for crise, perceber o seu impacto, imediato e a longo prazo, ajudará a navegar o panorama dos media. Aí há que responder às seguintes questões:
É uma tragédia humana ou económica, ou ambas?
O impacto humano é sempre muito mais sensível que o impacto económico. Na atual crise a reação das pessoas é diversa, seja por uma situação devastadora para si e para os seus ou por extrema ansiedade devido à potencial gravidade das circunstâncias.
É uma crise aguda ou um evento permanente?
Num evento extremo é melhor esperar que este passe e que o ciclo noticioso avance. Mas se for um evento em desenvolvimento permanente os planos originais poderão ter mesmo de avançar de forma a assegurar a continuidade do negócio.
A crise é local, regional ou global? Impacta em todos os setores, mercados e segmentos da sociedade ou é limitada?
Ninguém é imune aos efeitos, o que a torna única e com impactos em todos os aspetos da vida e segmentos de mercado, uns mais do que outros. Dependendo do setor de atividade e da audiência, os media poderão estar mais abertos a tratar histórias não relacionadas com a crise.
Antecipar a recetividade dos Media
Antes de lançar e divulgar informação é importante medir a temperatura dos media para perceber a recetividade da mensagem. Isto ajuda a que a gestão da empresa perceba o que pode ou não ser conseguido do ponto de vista de comunicação durante a crise.
As ações a desenvolver são:
Fazer uma pequena auditoria. Olhar apenas para os títulos de alguns dos seus OCS alvo dá uma perspetiva de qual a percentagem de notícias que se relacionam ou não com a crise. Tente avaliar quais os tópicos e histórias a que quem não está a escrever sobre a crise está mais aberto.
Perguntar. Não tem mal nenhum em perguntar aos jornalistas, especialmente àqueles com os quais se trabalha regularmente se estão disponíveis para histórias não relacionadas com a crise.
Avaliar a informação da empresa e o seu valor
Em tempos normais é importante ser capaz de olhar objetivamente para a mensagem da empresa e avaliar o seu “valor notícia” antes de nos dirigirmos aos media. Mas muitas vezes a gestão, ou os stakeholders, ditam a necessidade de Press Release específicos ou de abordagem aos media mesmo quando a comunicação aconselha a que não se faça. Durante uma crise é necessário um maior foco em informação relevante, valiosa e atempada.
Partilhar o plano da empresa. O objetivo é ajudar os colaboradores, clientes, comunidade e o próprio negócio nestes tempos desafiantes. Os media podem, e querem, ajudar a superar a crise noticiando as boas práticas de outras empresas.
Durante uma pandemia continuará a haver empresas e OCS que estão a manter o negócio como de costume. Estão a planear o lançamento dos próximos produtos ou as edições das semanas seguintes. Os media precisam de notícias não relacionadas com a crise para encher as páginas ou o tempo de antena. É só ter em atenção o desenrolar da crise e mantê-la em perspetiva.
Para todos os negócios este é um tempo especialmente desafiante e no qual as relações públicas podem ser uma das poucas boias de salvação para manter o negócio e conseguir a procura para produtos e serviços. Há que considerar as necessidades, quer de longo prazo quer de curto prazo, das organizações, dos media e do público, quando nos dirigimos para fora. Em qualquer crise há um grande medo e incerteza, mas também uma oportunidade para demonstrar compaixão, humanismo e liderança. Isto aplica-se tanto a trabalhar com os media como dentro da própria organização, com os clientes e à comunidade.