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Fév 9, 2022

Estudo da Mazars revela que bancos definiram estratégia ambiciosa e de longo prazo para a sustentabilidade, mas ainda têm de trabalhar governança e divulgação ESG

  • Novo estudo sobre 37 bancos na África, Américas, Ásia-Pacífico e Europa identifica as melhores práticas e tendências na gestão do risco associado às alterações climáticas e questões sociais e de governança mais amplas
  • Mais bancos (vs estudo de 2020) são classificados como ‘líderes’, apesar de critérios de avaliação mais rígidos para refletir melhoria da prática e requisitos
  • 25% mais bancos (vs 2020) incluem agora critérios de sustentabilidade na remuneração variável (média de 66% em 2021 vs 41% em 2020)

 

09 de fevereiro de 2022: A Mazars, empresa internacional de auditoria, fiscalidade e consultoria, lança a terceira edição do seu estudo anual sobre práticas responsáveis na Banca. O estudo benchmark global avalia as atividades relacionadas com a sustentabilidade de 37 dos maiores bancos[1] do mundo em todos os continentes.

O relatório de 2021 mostra que a maioria dos bancos avaliados demonstrou interesse no tema da sustentabilidade e já avançou significativamente neste seu percurso, que tem um enquadramento cada vez mais importante. No entanto, a plena implementação de práticas relevantes para alcançar a transição para uma economia neutra e socialmente responsável mantêm-se um desafio.

Para Pedro Jesus e Filipe Carvalho, respetivamente Partner e Associate Partner da área de Audit & Assurance, Financial Services da Mazars “O Sistema financeiro tem vindo a tomar consciência e a reconhecer o seu importante papel na transição para um futuro mais sustentável, alinhado com objetivos de desenvolvimento partilhados. Confrontados com estes novos desafios e exigências, o sistema financeiro parece cada vez mais comprometido em tornar as considerações ambientais e sociais pilares críticos da sua estrutura de gestão de risco, sendo exigido, à sua liderança, um esforço no sentido de apoiar uma economia não só mais robusta como mais equilibrada.”

“Para os les parties prenantes e decisores mais atentos, uma abordagem proativa às temáticas relacionadas com a sustentabilidade e com questões sociais pode aumentar a vantagem competitiva de uma organização, potenciando a reputação corporativa e o seu papel no ecossistema financeiro”, concluem.

Descobertas globais: bancos avançam significativamente no seu percurso sustentável

A análise global mostra que a maioria dos bancos:

  1. Alocou responsabilidade formal sobre temas de sustentabilidade às suas direções e funções de gestão, com processos de supervisão específicos. Em média, 66% dos bancos passaram a incluir critérios de sustentabilidade na remuneração variável, contra 41% no ano passado. No entanto, apenas 33% dos bancos identificam critérios claros ligados a iniciativas internas de sustentabilidade e atividades de financiamento.
  2. Identificou metas ambientais para as suas atividades, mas apenas 24% estabeleceu metas líquidas de zero emissões financiadas alinhadas com os objetivos do Acordo de Paris. A metodologia “Paris Agreement Capital Transition Assessment” (PACTA) também avança na Europa, Austrália e América do Sul.
  3. Utiliza uma variedade de abordagens para avaliar a sua exposição ao risco de alterações climáticas. 70% dos bancos estão a desenvolver análises de cenários e recursos para testes de stress, mas as lacunas nos dados revelam-se um desafio para a avaliação do risco das alterações climáticas. Apenas 19% dos bancos divulgam, através de métricas de risco de crédito ou de mercado, como se materializa o risco climático.
  4. Implementa critérios para relatórios sobre sustentabilidade, principalmente focados em objetivos climáticos. Cada vez mais países admitem tornar os relatórios TCFD (Task Force on Climate-related Financial Disclosures) obrigatórios e cerca de 92% dos bancos já alinharam os seus relatórios de sustentabilidade com as recomendações da TCFD. No ano passado eram 76%.

Progresso alcançado: 2021 vs 2020

Desde a avaliação realizada em 2020 – publicada em fevereiro de 2021 – os critérios em todas as quatro áreas avaliadas tornaram-se mais restritos. Este ajuste não só reflete melhor o progresso na implementação de práticas sustentáveis, mas mostra igualmente que ainda há melhorias a fazer à medida que os bancos continuam o caminho da sustentabilidade e contribuem para economias neutras. Devido às mudanças nos critérios:

  • Mais bancos definiram uma estratégia de sustentabilidade ambiciosa e a longo prazo (76% contra 71% no ano passado). Os bancos obtiveram também melhores pontuações no que diz respeito à gestão de risco: 62% dos bancos integram os riscos ESG e climáticos na sua estrutura de gestão de riscos. No ano passado eram 59%.
  • As pontuações relacionadas com a governança e divulgação diminuíram. Cerca de 60% dos bancos implementaram medidas para promover uma governança para a sustentabilidade, em comparação com 74% em 2021. 77% dos bancos alinham a divulgação com os padrões de relatórios ESG (vs 82% no ano anterior).

Phuong Gomard, Partner da Mazars, afirma que “os bancos estão cada vez mais comprometidos em tornar as suas atividades mais sustentáveis, e há progressos comparativamente aos nossos estudos anteriores. Os resultados são animadores, mas também revelam o trabalho que ainda há a fazer, especialmente nas regiões onde as regulamentações e orientações relacionadas com ESG ainda precisam de ser desenvolvidas. Continuaremos o nosso trabalho de identificação das melhores práticas de governança, estratégia, gestão de risco e divulgação de informação. Ao fornecer às instituições financeiras procedimentos e recomendações exemplares, esperamos ajudá-las a evoluir para um modelo de negócios mais sustentável e socialmente responsável e contribuir para a transição para uma economia neutra.”

Bancos franceses e britânicos lideram na gestão de risco ESG, e não só

Os bancos franceses e britânicos mantêm a liderança em todos os domínios avaliados, sendo a implementação de estratégias de sustentabilidade o seu ponto forte. Os bancos de ambos os países alcançaram as pontuações mais altas na gestão de risco ESG em todas as geografias. Ainda há espaço para melhoria na governança e mecanismos de divulgação dos bancos europeus (excluindo França e Reino Unido). A expetativa é que com a obrigatoriedade do “Relatório EBA sobre gestão e supervisão de riscos ESG” a distância em relação aos bancos franceses e britânicos diminua.

Bancos norte-americanos têm bom desempenho nas divulgações ESG

Embora os bancos norte-americanos ainda estejam entre as instituições líderes, os seus progressos, em comparação com pares europeus, foram pouco significativos este ano. Os bancos norte-americanos evidenciam um bom desempenho na divulgação, uma vez que os relatórios TCFD poderão vir a ser obrigatórios num futuro próximo. Ainda há espaço para uma melhor integração dos riscos ESG nas estruturas de gestão de risco, mas espera-se que a orientação ESG da Bolsa de Valores de Nova Iorque, aplicada em 2021, ajude à evolução dos bancos neste domínio.

Bancos sul-americanos destacam-se pela estratégia de sustentabilidade

No que diz respeito a estratégia, os bancos sul-americanos obtiveram uma melhor pontuação do que os da Ásia-Pacífico e os de África. No entanto, dada a ausência de qualquer taxonomia financeira sustentável, as suas iniciativas regulatórias e governamentais sobre sustentabilidade e alterações climáticas permanecem numa fase inicial de desenvolvimento.

Bancos da Ásia-Pacífico ficam para trás em governança, e não só

Há um banco australiano, classificado como “líder”, com um bom desempenho no que diz respeito à governança e gestão de risco. As pontuações gerais da região mostram espaço para melhorias na governança, gestão de risco e divulgação. Na China, os Regulamentos de Desenvolvimento de Finanças Verdes aplicados em 2021 obrigarão as cotadas financeiras registadas em Shenzhen a divulgar informações relacionadas com o meio ambiente a partir de janeiro de 2023.

Clique aqui para fazer download do relatório completo.

[1] Os bancos selecionados são os maiores nas suas respetivas geografias, por ativos totais.

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