O estudo teve como base a análise da Mazars ao Relatório & Contas anual do ano de 2022 de 26 bancos em 11 países europeus, incluindo o estudo de indicadores-chave nos últimos três anos.
• Em relação aos principais indicadores, como a volatilidade do P&L associada com a variação das Perdas de Crédito Esperadas, a utilização de overlays e a variação das exposições em stage 3, verificam-se tendências regionais significativas nos últimos três anos. Este ano, comparando com as perspetivas dos respetivos reguladores, a Mazars identificou diferenças de expectativas entre a zona euro e o Reino Unido, com a primeira a ser mais conservadora do que o segundo no que diz respeito aos indicadores utilizados nas componentes de forward-looking dos modelos de imparidade.
• Desde 2019 que se assiste a uma série de eventos sem precedentes, criando um ambiente económico cada vez mais desafiante para os bancos europeus.
23 de junho de 2023: A Mazars, empresa internacional de auditoria, fiscalidade e consultoria, lançou a sexta edição do seu relatório “Financial Reporting of European Banks”. O trabalho centra-se na análise do nível de Perda de Crédito Esperada (Expected Credit Loss – ECL, na sigla inglesa) dos bancos europeus no ano fiscal de 2022 e tem como base a análise das informações publicadas nos relatórios e contas anuais de 2022 de 26 bancos em 11 países europeus, incluindo o Reino Unido, França, Espanha, Alemanha, Itália e Países Baixos.
Ao longo dos últimos três anos, registou-se uma evolução na repartição da exposição de crédito (montantes brutos) entre os diferentes stagings da ECL, tendo-se assistido a uma diminuição geral significativa das Perdas de Crédito Esperadas de stage 1 e 3 e aumento do stage 2. As alterações na quantificação das Perdas de Crédito Esperadas revelam uma tendência clara e homogénea, com uma diminuição significativa do stage 3 a favor do stage 2 e, em menor medida, das exposições em stage 1. Esta tendência é ilustrada particularmente pelos bancos italianos, que registaram uma diminuição significativa da imparidade em geral, nomeadamente em stage 3, resultado das suas políticas de desalavancagem do crédito malparado (NPL na sigla inglesa).
Para além disso, é possível notar que quase todos os bancos que utilizam a taxa de crescimento do PIB da zona euro, no ajustamento de forward-looking dos seus modelos de perdas esperadas, utilizam estimativas de crescimento efetivamente mais conservadoras do que as projeções do Banco Central Europeu para os próximos três anos. Pelo contrário, todos os bancos que usam a taxa de crescimento do PIB do Reino Unido apresentam premissas mais otimistas do que o próprio Banco de Inglaterra.
O relatório revela ainda que ao longo do exercício do ano passado registaram-se diferenças claras entre os bancos do Reino Unido, que reduziram fortemente o peso dos seus overlays na quantificação das perdas de crédito esperadas (ECL) no exercício de 2022, enquanto os Bancos franceses e italianos revelaram uma maior tendência de aumento dos overlays considerados na quantificação das perdas de crédito esperadas, aproximando-se mais da média do mercado.
O relatório foi concebido para servir como uma ferramenta prática de benchmarking, ajudando as instituições de crédito a comparar o impacto do ambiente macroeconómico nos seus negócios com os seus pares. No próximo ano a Mazars realizará um estudo adicional para reanalisar e perceber como estes desenvolvimentos afetaram os bancos e os seus níveis de ECL.
“O nosso novo relatório sublinha o impacto de múltiplos acontecimentos sem precedentes nos últimos anos sobre o desempenho dos bancos europeus. Ao prestar às instituições financeiras informações de referência sobre as principais tendências e indicadores-chave de desempenho relacionados com as perdas de crédito esperadas, esperamos dar-lhes acesso às informações mais relevantes para ajudá-las a perceber onde estão em relação aos seus pares, tanto a nível regional como europeu. A Mazars continua empenhada em apoiar os bancos globais a enfrentar os obstáculos económicos e políticos, bem como os desafios regulamentares que o setor bancário enfrenta atualmente”, afirma Filipe Carvalho, Partner da Mazars em Portugal.
Principais conclusões do exercício de 2022 em comparação com o exercício de 2021
• O rácio médio dos gastos com Perdas de Crédito Esperadas dividido pelo resultado operacional antes dos gastos com ECL diminuiu para 17% no exercício de 2022 (20% no exercício de 2021).
• Embora a tendência no final do exercício de 2021 apontasse para uma redução global dos encargos com ECL (-81% entre o final do exercício de 2020 e o final do exercício de 2021), em comparação com o pico de necessidades de imparidade adicionais que se verificou durante a crise da COVID-19, todas as instituições de crédito da amostra regressaram, desde então, a um aumento da ECL (+106% entre o final do exercício de 2021 e o final do exercício de 2022).
Explorar a decomposição das perdas de crédito esperadas, os ajustamentos forward-looking e as constituições de overlays nos modelos
O relatório abrange uma série de tópicos importantes, incluindo:
• Impacto do encargo da ECL no exercício de 2022.
• Perdas de crédito esperadas: alterações nos rácios de cobertura e repartição entre os diferentes stages.
• Ajustamentos de forward-looking e a existência de overlays nos modelos.
• Avaliação de algumas das informações prospetivas constantes dos relatórios anuais dos bancos.
Principais conclusões sobre outros temas
• No exercício de 2022, três instituições de crédito da amostra da Mazars reclassificaram ativos financeiros devido a uma alteração do modelo de negócio durante o período de reporte (seguido os requisitos de classificação previstos na Norma IFRS 9).
• Todos os bancos tinham passivos da terceira série de operações de refinanciamento de prazo alargado (TLTRO III na sigla inglesa) reembolsados antecipadamente de forma parcial em 2022, com um intervalo de 14% a -86% em comparação com os montantes TLTRO III no balanço do exercício de 2021.
• Oito bancos divulgaram informações sobre o tratamento contabilístico aplicado à modificação das TLTRO III em outubro de 2022 pelo BCE.
• A maioria dos bancos que divulgaram esta informação tratou esta modificação como uma “refixação” de uma taxa de juro variável sem qualquer impacto nos lucros ou prejuízos.
##
Metodologia
Este estudo baseia-se na informação divulgada nos relatórios e contas anuais dos bancos participantes, sem ter em consideração quaisquer comunicados de imprensa, apresentações orientadas para o investidor ou publicações semelhantes. Cada banco é representado por um código alfanumérico composto por duas letras – por exemplo FR para França -, e um número. Quando a amostra apresenta apenas um banco de um país, para manter o anonimato, o código do país é “O” de “Outros Países”. Para aumentar a comparabilidade, a Mazars selecionou indicadores relevantes divulgados pela maioria dos bancos da amostra. Por conseguinte, quando um banco não aparece num gráfico, significa que não divulgou dados relevantes para esse gráfico. Alguns indicadores apresentados, como o rácio de cobertura de ECL, foram calculados com base em dados dos relatórios anuais. A metodologia pormenorizada para a produção desses valores é explicada em baixo.
Nota para editores
Clique aqui para aceder ao Relatório completo