Big Data e Ética

É essencial que os profissionais de RP compreendam o impacto do big data e da ética nas práticas de comunicação. A evolução da estrutura da web está a acelerar rapidamente, o que torna o processo ainda mais desafiante.

 

Metadados e Inteligência Artificial

Os metadados são revolucionários, porque facilitam o processo de reconhecimento e ‘produção de sentido’ dos conteúdos por sistemas automatizados. Classificam e descrevem pessoas, produtos e conceitos utilizando metadados e não dados textuais, através de um código informático invisível anexado a cada ficheiro. Se para os seres humanos esta informação é invisível ou incompreensível, para a Inteligência Artificial (IA) os metadados são facilmente legíveis e úteis.

Tudo isto permite aos utilizadores ir além da simples correspondência de palavras, para além da pesquisa conceptual. Por exemplo, uma pesquisa conceptual para “empresas que investem em energia verde” poderia devolver dados sobre empresas que investem em energia solar, eólica e outras fontes alternativas de energia – não apenas documentos contendo as palavras de pesquisa específicas. Além disso, quanto mais estes algoritmos aprenderem, melhor serão na entrega de informação relevante.

Com estas capacidades semânticas acrescidas, a web atual está a potenciar ações de recomendação, rastreando a pegada digital dos utilizadores e proativamente disponibilizando informação relevante. Estas recomendações baseiam-se nos interesses dos utilizadores, determinados pelas suas pesquisas, visualizações, downloads, publicações e compras anteriores.

 

O Elemento Humano

Cada vez com maior frequência os utilizadores da web não terão de encontrar informação – a informação relevante vai “ao seu encontro”. Quando combinado com tecnologias como o rastreio por geolocalização e big data – vastos repositórios de informação capturada e armazenada – a segmentação será mais fácil. Seremos capazes de enviar mensagens a pessoas em locais específicos, em momentos específicos, com base nos seus interesses específicos. Isto tem grandes implicações financeiras e éticas para os marketeers e fornecedores de serviços.

Com tais capacidades em evolução e expansão, os profissionais de RP têm de estar atentos e respeitar os direitos dos utilizadores das redes sociais e estar cada vez mais atentos à sua dimensão ética. A utilização de dados e a segmentação não deve invadir a privacidade. Além disso, as organizações não devem deturpar as suas intenções nas plataformas de social media e devem ser transparentes nas suas atividades de marketing e promoção. Os limites estão a esbater-se e a desaparecer entre a publicidade online, as notícias e os comentários. Novas formas de conteúdo devem ser cuidadosamente consideradas e abordadas com práticas reflexivas e códigos de ética apropriados.

Recorde-se sempre que a comunicação com ética é o alicerce das Relações Públicas profissionais.