Páscoa em quarentena
- Crescimento de 20% nos Bens de Grande Consumo na semana 14
- O impacto da Páscoa reflete-se nas vendas de Talho, mesmo em época de quarentena
- Enorme impulso do canal online, que cresce 200% em ocasiões de compra
- Aumento de peso da Marca Própria e quebra nas Vendas com Promoção
- Ganho de importância nos canais de proximidade a partir do momento em que os portugueses ficam em casa
- Diferentes dinâmicas em outros países da Europa Ocidental
Na semana em que é quebrada a barreira dos 10.000 casos confirmados de infeção com Covid-19 em Portugal, o consumo é, em grande medida, influenciado pela preparação da celebração da Páscoa. A quinta edição do Barómetro semanal da Nielsen sobre o impacto da pandemia regista, para a semana 14 (30 de março a 5 de abril de 2020), vendas na ordem dos 187,5 milhões de euros, um crescimento de 20% face ao período homólogo.
“A evolução das vendas nas categorias de FMCG demonstra que os Portugueses que se mantêm em quarentena têm vindo a tentar assegurar um bem-estar e cuidado consigo próprios, muito provavelmente para tentar experienciar esta nova realidade da melhor forma possível.
Neste sentido, é mais visível a preocupação com produtos de Higiene Pessoal, nomeadamente Depilação (+31%) e Produtos para Cabelo (+20%), que entram para o ranking de maiores crescimentos de Higiene Pessoal e do Lar. Paralelamente, os produtos que se mantêm no top dos crescimentos em Frutas e Legumes evidenciam uma preocupação com a defesa do sistema imunitário: exemplo da Laranja (+115%), Limão (+98%), Tangerina/Clementina (+71%) e Kiwi (+33%).
Páscoa em quarentena
Os valores para as vendas do retalho alimentar nesta semana 14 – a semana anterior à Páscoa – demonstram que, apesar das restrições impostas à circulação em território nacional, os Portugueses fizeram planos para se sentarem à mesa nas suas casas para celebrar esta época central no calendário religioso e na vivência familiar”, aponta Marta Teotónio Pereira, Client Consultant Senior da Nielsen.
Para o ganho registado no período analisado contribui o calendário da Páscoa, que este ano se celebra mais cedo: a 12 de abril este ano, quando em 2019 se assinalou a 21. Apesar do contexto de quarentena atualmente vivido, nesta semana anterior à Páscoa verifica-se um crescimento (+15%) comparativamente à semana anterior, algo que vem em linha com a dinâmica habitual para esta época do ano.
Mesmo na situação atípica que vivemos, o impacto da Páscoa é notório nas vendas do Talho, que crescem 18%, com destaque para a carne de Ovino e Caprino (+85%), tradicionalmente encontrada nesta época à mesa das famílias portuguesas.
O incremento no consumo é igualmente visível em contexto online, com um enorme impulso a ser sentido no E-commerce. Na semana 14, o número de ocasiões de compra online cresce 200% e aumenta 192% em novos lares.
Marca própria em contraciclo com promoção
Olhando para a evolução das semanas mais recentes, constatamos que a Marca Própria ganha peso a partir da semana 11, momento em que os Portugueses preparavam a sua despensa para “enfrentar” a permanência em casa. Se desde o início do ano, e numa realidade ainda pré-Covid-19, o crescimento da Marca Própria se encontrava nos 30,8%, após o início da pandemia este passa a situar-se nos 32,8%.
Já a tendência promocional surge com uma tendência inversa e sofre uma quebra desde o início dos efeitos da pandemia no mercado nacional. Se no período pré-Covid-19 o valor médio das vendas em Promoção se posicionava muito próximo dos 50% e na primeira semana de registo do vírus em Portugal esta chegou mesmo aos 51,2%, nesta semana 14 o fenómeno de quebra é já plenamente percetível, caindo para os 32,5%.
O peso crescente da proximidade
A procura por soluções de proximidade destaca-se a partir da semana 12, data em que é declarado o Estado de Emergência em Portugal e as famílias passam a ficar em casa devido ao encerramento das escolas.
As lojas Livres-Serviços ultrapassam pela primeira vez neste período a barreira percentual dos 15% de vendas em valor no conjunto de vendas registadas a nível nacional em todos os tipos de loja.
Dinâmicas diferem no contexto europeu
Torna-se evidente que, mesmo no contexto europeu mais próximo geograficamente, as dinâmicas de consumo se apresentam distintas, refletindo diferentes impactos da Covid-19 e respostas à mesma.
Se em Portugal, Espanha, Itália e França o pico das vendas se situou na semana 11, com incrementos menores comparativamente ao período homólogo após essa data, a situação no Reino Unido mostra um pico do consumo na semana 12 e decréscimos face a 2019 nas duas semanas seguintes. Uma distinção que pode mostrar um paralelismo com uma reação mais tardia a esta pandemia.
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