V “Seminário de Saúde” realizado pela GS1 Portugal
A GS1 Portugal realizou hoje a V edição do Seminário de Saúde. O evento foi ponto de encontro e convergência para os principais operadores da cadeia de valor do setor – reguladores, hospitais, laboratórios e operadores logísticos – com o objetivo de abordar os principais desafios associados ao impacto das Diretivas dos Medicamentos Falsificados e dos Dispositivos Médicos, da gestão mais eficaz no contexto da Saúde e da segurança do paciente.
Lisboa, 29 de maio de 2019 – A GS1 Portugal – Codipor realizou hoje a V edição do “Seminário de Saúde”. A iniciativa reuniu os principais operadores da Saúde e teve como principal objetivo sensibilizar o setor para os benefícios da implementação de Standards que garantam a segurança na cadeia de valor e, consequentemente, a do paciente, e discutir desafios legislativos, a adaptação do setor a novas exigências e a evolução tecnológica.
Face às dúvidas relativamente ao timing de implementação das Diretivas dos Medicamentos Falsificados e dos Dispositivos Médicos contrapõe-se a necessidade de assegurar um processo proativo, que responda eficazmente às atuais preocupações com a realidade da contrafação e a crescente sofisticação em torno da mesma: “O sistema só é seguro até ao dia em que deixar de o ser.”
Dados internacionais da GS1 apontam para que cerca de 60% dos medicamentos comprados online sejam falsificados, contrafeitos ou não conformes, enquanto 15% do total do mercado será composto por medicamentos falsificados.
João de Castro Guimarães, Diretor Executivo da GS1 Portugal, destaca a importância deste tipo de eventos, afirmando o propósito de “que as empresas, sejam elas PME ou de maior dimensão, continuem a olhar para a GS1 como um parceiro no qual podem confiar. A quinta edição deste Seminário conta com oradores de excelência e isso é a maior prova do sucesso do trabalho que, em conjunto com as empresas, organizações e entidades diversas e responsáveis públicos, temos vindo a desenvolver”.
Na sessão de abertura da iniciativa, o responsável reforçou que o setor da Saúde tem vindo e continuará a ser uma das prioridades da atividade da GS1 Portugal, com uma intervenção centrada em dois segmentos estruturantes no setor: os Medicamentos e os Dispositivos Médicos.
A iniciativa continuou com a intervenção de Ricardo Valente, General Manager da MVO Portugal, que realizou um enquadramento global relativamente à introdução da Diretiva dos Medicamentos Falsificados e retratou o estado de implementação do sistema nacional de verificação do medicamento. Em vigor desde 9 de fevereiro de 2019, esta implementação decorre dentro do esperado, registando-se cerca de 88 milhões de embalagens já carregadas no repositório nacional.
Logo de seguida, e pela voz de Teresa Carvalho, Diretora Técnica da Menarini Portugal, foi apresentada a perspetiva dos laboratórios. Entre os desafios apontados verificam-se a necessidade de alterações realizadas a equipamentos, locais de produção e métodos de fabrico, a otimização de processos e a resposta a mecanismos burocráticos de validação, no sentido de assegurar a introdução na embalagem do identificador único e do dispositivo de prevenção de adulterações agora exigidos.
Seguiu-se a perspetiva dos operadores logísticos por Hugo Barbosa, Diretor Técnico da Rangel Pharma, que abordou as obrigações específicas dos grossistas e os desafios identificados para a implementação da Diretiva, associados a constrangimentos operacionais e custos acrescidos. A uma realidade de modelos de interface e de negócio distintos, incógnitas acerca das entidades a serem abrangidas e maturidade variável de clientes, as respostas possíveis apresentam-se através da possibilidade de agregação suportada pelo sistema de repositório, da avaliação da necessidade do número de registo e da existência de um período de transição.
Os hospitais estiveram representados pela voz de Sérgio Quinteiro, Direção de Logística e Suporte Operacional da Luz Saúde, para quem o cumprimento da Diretiva neste contexto apresentou dificuldades iniciais, tais como o tempo reduzido para a sua implementação e a ausência de um papel claro para os hospitais. A preocupação no grupo passou por desenvolver ações para endereçar o impacto esperado da adoção da Diretiva em contexto hospitalar, entre exigências acrescidas para as equipas, um processo logístico mais complexo e demorado e possíveis constrangimentos de rede e de ligação às bases de dados nacional e europeia.
As intervenções supramencionadas foram seguidas de um breve debate com moderação das associações APIFARMA, GS1 Portugal e APDH, respetivamente.
O programa da tarde teve início com uma intervenção de Géraldine Lissalde-Bonnet, Director Public Policy da GS1 Healthcare. A responsável da GS1 Global Office enquadrou a temática da Diretiva dos Dispositivos Médicos e o papel da UDI – Identificação Única de Produtos para Saúde. O Sistema GS1 permitirá assegurar níveis acrescidos de segurança para o paciente e uma identificação harmonizada para dispositivos médicos a nível global, num processo que possibilita gerir eficazmente – identificando, partilhando e capturando – a informação de produto.
Seguiu-se um painel de debate sobre a UDI com moderação de Madalena Centeno, Gestora de Saúde da GS1 Portugal. O painel foi composto por Judite Neves, Diretora de Dispositivos e Produtos de Saúde do INFARMED; Santiago Ruiz, Diretor Geral da B. BRAUN; Antonieta Lucas, Vice-presidente da APORMED; e Catarina Simões, Diretora Regulatory Affairs & Quality Portugal, Espanha e Itália da MEDTRONIC.
Face ao desconhecido e às incógnitas que rodeiam ainda a aplicação das Diretivas e à sua complexidade, surgem preocupações em torno dos custos para as empresas, para o setor público e, em última análise, para cada cidadão, numa discussão crítica ainda por concretizar acerca do equilíbrio entre os custos e os benefícios percecionados para este projeto.
Embora os intervenientes no setor estejam, de uma forma geral, consciencializados da necessidade de registar os seus dispositivos, discutem-se ainda os detalhes sobre como o fazer. Torna-se, assim, necessário que os stakeholders estejam atentos e acompanhem de forma próxima esta temática.
Para terminar a V Edição do Seminário de Saúde, a iniciativa contou com a intervenção de Maria de Belém Roseira, num formato “À Conversa com…” conduzido pela jornalista Fernanda Freitas. A mensagem deixada passa pela ausência da compreensão sobre a necessidade de estar permanentemente a evoluir. Num país que sofre com a fuga de profissionais de Saúde e Engenharia, existe um capital subaproveitado, particularmente quando aplicado a um setor importantíssimo para a criação de valor acrescentado como é a Saúde. A exigência é de uma maior atenção ao investimento estratégico e à capacidade de olhar mais longe e de flexibilidade e adaptabilidade ajustada à realidade do setor e das necessidades dos cidadãos.
O Seminário de Saúde é um evento anual organizado pela GS1 Portugal e pretende ser um ponto de encontro e convergência entre Stakeholders diversos, reforçando o papel da associação enquanto plataforma neutra e facilitadora da unidade de ação no setor.
Sobre a GS1 Portugal:
A GS1 Portugal é a organização responsável pela introdução do código de barras em Portugal há mais de 30 anos. É uma Associação neutra, sem fins lucrativos, de direito privado e multissetorial, declarada entidade de utilidade pública. Mais de 8.000 empresas aderiram e acreditam no Sistema de Normas GS1 para transformar a maneira como trabalhamos e vivemos. Somos uma das 112 organizações-membro da GS1 e a entidade autorizada para gerir o Sistema GS1 de Standards Globais em Portugal.