Qual o ingrediente secreto na ambição Unicórnio?
O sonho e ambição de Carlos Moedas no repto coletivo à criação de um espaço, segundo as palavras do próprio, “onde jovens (e os menos jovens, acrescento eu) possam transformar ideias em grandes negócios, mudar o mundo e ter um propósito” e uma agenda mediática sobrecarregada de empreendedorismo, que eventos como a Web Summit e a Acredita Portugal Virtual Week ditaram, são o meu quadro em branco para uma reflexão que me é cara.
Qual o papel que a Comunicação tem no sucesso destas empresas novas e com tendência para o crescimento que vão habitar a futura “Fábrica de Unicórnios de Lisboa”? E por falar em unicórnios, o que podem estas aprender com as histórias da Farfetch, da Feedzai, da OutSystems ou da Talkdesk?
Se uma startup é uma visão diferenciadora que procura explorar uma oportunidade de negócio numa área inovadora (ou desaproveitada), então a sua comunicação tem de ser mais do que descrever um produto ou serviço. Trata-se, acima de tudo, de apontar um propósito – demonstrando o potencial exponencial de soluções para problemas ainda sem resposta, de sonhar alto e de uma capacidade hercúlea de cativar os stakeholders. Um percurso que se faz de enfrentar necessidades inesperadas e adquirir novas competências, seja discursar em público ou lidar com os media, entre tantas outras.
Whether it's dealing with investors, future partners, prospectsWhether they are journalists or prescribers, these emerging companies are expected to dream big and present themselves with a fully formed, confident and, above all, charismatic public voice.
Quando a eficácia potencial de um produto ou serviço ainda não foi estabelecida, a força da sua equipa de gestão e a credibilidade da narrativa contribuem em larga medida para conquistar a confiança do mercado. Se é claro que a reputação é fundamental para o desenvolvimento destas empresas, também é pertinente advogar que a aposta na gestão estratégica da comunicação é o ingrediente fundamental para construir a confiança de forma eficaz e duradoura no tempo. De igual modo, a conquista de um posicionamento top-of-mind in the public and the permanent management of media interest become fundamental factors for a story with a happy ending.
Vejamos o exemplo dos unicórnios nacionais.
A maioria dos gestores é especialista na sua própria área técnica. Apesar de parte do esforço comunicacional poder ser desenvolvido de forma mais proativa, o grau de complexidade, a alocação de tempo e o expertise exigidos a uma estratégia estruturada e eficiente obrigam a recorrer a equipas especializadas ou a parceiros de comunicação externos.
O foco tem sido, invariavelmente, colocado no CEO como storyteller. Partindo de histórias carismáticas e de mensagens que envolvem os stakeholders, encontramos os ingredientes que constituem as suas narrativas ao longo do tempo. É por este motivo que afirmamos que saber contar uma história é uma das mais valiosas competências que uma equipa de founders pode dominar. No entanto, a boa comunicação funciona em dois sentidos. Este reconhecimento é de vital importância quando se trata de melhorar o estilo e estratégia de comunicação, quer capacitando-o para realmente ouvir o público e identificar tendências no mercado, quer, num nível mais complexo, para demonstrar uma autoconsciência que pode ajudar um líder a aprender a superar os desafios de comunicação à medida que estes surgem.
The startups privadas avaliadas em mais de mil milhões de dólares ainda são relativamente raras, mas o seu número está a aumentar. O sucesso destes projetos escaláveis, disruptivos e repetíveis tem tudo a ver (também) com a comunicação.
Neste ecossistema, em que tanta importância é dada ao pitch e onde as ideias que vão criar maior impacto são as mais cativantes e as que conseguem inspirar, como “Comunicar”? A raiz da questão, como em todas as organizações, está na abordagem. Não podemos simplesmente dizer o que estamos a fazer. Como diz o velho ditado, “don’t tell me, show me”.
Marta Gonçalves
Managing Partner, SayU Consulting
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